sábado, 15 de março de 2008
TODA VEZ QUE EU DOU UM PASSO O MUNDO SAI DO LUGAR
Sergio Veloso, esta com mais um trabalho na praça: “Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar”, este é o nome do seu novo CD solo. Em meio a um ambiente musical repuguinante criado pela mídia radiofônica e televisiva , Siba chega com mais um trabalho mostrando para o mundo o que Pernambuco tem de melhor, sua força musical, com seu ritmo cultural na melhor de sua essência, e mais uma vez podemos nos admirar com sua energia e criatividade.O CD tem algumas participações especiais como a do guitarrista da Nação Zumbi, Lucio Maia, a cantora Céu entre outras. Este 2º trabalho de Siba, foi escolhido pela revista Rolling Stone o 8º CD do ano de 2007, confira agora a entrevista de Siba, concedida a Alexandre Diogo, do Nação Cultural.
Nome Completo
Sérgio Roberto Veloso de Oliveira
Nascido
16 de Fevereiro de 1969
Cidade
Recife
Como pintou o teu interesse pela música?
Desde pequeno minha mãe me colocou numa escola de música, no colégio mesmo, e aí, eu estudei música desde os 7 anos de idade, mais bem informalmente na escola, sem nenhuma pretensão maior.
Aos 15 anos, eu me envolvi com rock, guitarra, foi quando virou uma coisa mais séria, mais dedicada. Foi quando que aos 20 anos, isto já tinha virado uma opção de vida mesmo.
Como foi o recomeço depois do Mestre Ambrósio?
Na verdade não foi um recomeço, não.
O “Fuloresta”,era um projeto que tinha sido amadurecido há muitos anos, era da minha relação com Maracatu, ela começa em 1990, e deu uma paradinha com o Mestre Ambrósio, mais já vinha dessa minha relação com o Maracatu, com a Ciranda. E ao longo dos 12 anos do Mestre Ambrósio, paralelamente, eu mergulhei muito no estudo da prática dos estilos de poesia e de música da Mata Norte.
Isto fez com que eu fosse ao longo dos anos, acalentando uma idéia de fazer um projeto em colaboração com os músicos de lá.
Aí, quando eu vim efetivamente dar um ponto de partida nisso, já foi em 2001 para 2002, mais isso já vinha rodando há muito tempo, é que as coisas aconteciam meio paralelo, e foi gradual, é que quando este trabalho pegou realmente impulso, o Mestre Ambrósio foi perdendo o impulso dele, e não foi por conta da minha saída, por que na verdade, eu nem sai do Mestre Ambrósio, o grupo é que foi perdendo a força de estar junto mesmo.
Para mim, foi a continuidade de um projeto de vida, de busca como artista, ligado a poesia rima e a música.
Você participou de um Projeto Itaú de música, como surgiu a idéia de fazer televisão sobre música?
Não foi meu, o Documentário “Fuloresta do Samba” é do diretor de Recife, chamado Pinheiro, e foi sobre este trabalho nosso.
Como você vê Rádio em Recife, no Nordeste?
Não tem o que ver, não existe (risos).
Esta é uma questão complicada no Brasil, a concessão de rádio, a forma como funciona os meios de comunicação de massa, então, rádio realmente é um negócio bem fechado, trabalhando só em interesse próprio, muito restrito, então não há.
O seu segundo CD solo ficou entre os 25 melhores da Revista Rolling Stones, o que você acha, de um trabalho que veio da Zona da Mata de Pernambuco, e uma revista tão bem conceituada, foi lá e buscou e mostrou pra todo mundo ver?
Não deixa de ser uma vitória, quer dizer, um dos sentidos deste trabalho é a busca de vias de comunicações diferentes, já é um trabalho que vem da Mata Norte, que ele é direcionado ao público da Mata Norte, mais também ele busca a comunicação com o mundo lá fora, de diversas maneiras, por que eu parto do principio básico da universalidade da música, e da força da criação popular da Mata Norte, e ao mesmo tempo tem um trabalho autoral de muitos anos de dedicação mesmo.
Na verdade eu nunca acreditei na limitação mesmo, esse termo de “Musica Regional” e “Música Universal”, não faz muito sentido, então eu sempre trabalhei muito com a lógica contrária disso, de que tudo é universal, o que falta muitas vezes é divulgação, é estrutura de divulgação. Partindo disso, eu realizo um trabalho dentro da minha convicção, dentro daquilo que eu acredito e gosto, e do que me representa como artista.
É claro que ao mesmo tempo, eu procurei me cerca de pessoas altamente qualificadas na região e fora, buscando os melhores parceiros possíveis.
Lógico que chegar ao 8º lugar na revista Rolling Stones, meio que confirma que eu não estava tão errado nestas idéias, e que a diversidade musical é muito possível no Brasil, não só para meu trabalho, mais pra tudo. Pois um trabalho como este estar em 8º lugar na revista Rolling Stones, e outros também de outros lugares e considerados igualmente “regionais”, poderiam estar também. Então, eu acho que o panorama da música poderia ser mais abrangente, se nós tivéssemos meios de comunicação de massa mais aberto, como rádio e televisão, aí sim nós teríamos um rancking na Rolling Stones bem mais diversificado.
Por que não sou apenas eu que estou fazendo uma coisa específica de qualidade, tem outras pessoas de vários lugares do Brasil.
E na sua visão, esta abertura esta perto de chegar?
Eu acho que com a internet esta acontecendo uma coisa interessante, a diversidade esta aí para quem procura, então hoje já não é mais difícil encontrar informação, mais isso é diferente dos meios de comunicação de massa, por que quem procura música na internet, tem iniciativa, e a televisão e as rádios atingem as pessoas mesmo sem elas terem iniciativa.
Então é diferente da internet, a internet é pra quem procura, e a televisão, ela poderia dar oportunidade a quem não tem as vezes a chance de procurar, a quem nunca teve acesso aquela informação, a pessoa tá sentada em casa, e de repente ele gira o botão e ele escuta alguém de que nunca ouviu falar, mais aquilo ali pode bater certo nele e ele pode tentar entender disso, e se sentir representado de alguma forma.
Fala um pouco deste 2º trabalho e as participações especiais dele.
Este é um trabalho que tanto quanto e mais até que o primeiro, é baseado numa prática de cantar na rua, de cantar Maracatu, de cantar Ciranda na rua, e que implica numa série de exigência, que quando você faz show no palco, não só ali, mais de que quem canta Maracatu, Ciranda, tem que ter um repertório longo, tem que ter um repertório autoral, com linguagem direta e, que foram coisas que eu vim praticando muito ao longo destes anos.
E este disco reflete muito uma prática de rua, e ao mesmo tempo uma música de avanço, numa concepção de produção musical de estúdio, de mexer com os sons de maneira muito livre e aberta, utilizando o máximo de tecnologia que deu vontade de utilizar no momento, então ele acaba juntando mundos bem opostos, o mundo da poesia de rua mesmo.
Você pode observar que é um disco que tem a poesia muito direta, é uma poesia que pode ser de alto nível de instrução, que fala uma linguagem igual, e o conteúdo vai de acordo com cada um assimilar ou não, e isso vem dessa prática de rua, e ao mesmo tempo tem uma música que dialoga com mundos bem distintos, mesmo sendo ciranda, coco-de-roda, frevo, ali tem elementos buscando um diálogo com elementos bem diversos, e isto também se reflete na presença das participações, que são músicos de origens bem diferentes também, mais que tem em comum comigo, o acompanhamento de perto o “Fuloresta” e terem sempre sintonizado muito o trabalho do grupo e serem músicos que eu admiro profundamente o trabalho.
São músicos que procuram o caminho da originalidade, da autoria, da sinceridade com o público, isto é o que junta todo mundo que esta ali presente neste disco.
Turnê marcada para o Sul-Sudeste do país?
Temos um lançamento em São Paulo, logo agora.
Em abril fazemos novamente São Paulo no SESC, iremos fazer alguns outros centros no interior. Depois Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, vamos dar uma geral de Centro-Oeste, Sudeste.
Siba, você já esteve na Europa com o Mestre Ambrósio e até mesmo com o “Fuloresta”, como é a receptividade do povo europeu?
Nós fazemos um circuito de festivais na Europa, que é caracterizado por um público muito especial, um público aberto para música do mundo inteiro, um público que espera o diferente. É um circuito de festivais grande que tem lá, um mercado independente, mas bem estruturado, que faz com que a gente consiga todos os anos ir a Europa, sem se quer repetir um festival. E é um público que por ser aberto, ele responde muito imediatamente, não é um público que tem aquele estereótipo de Brasil, de samba, mulata, bossa nova, só disso, entende. È um público que gosta de saber de outras coisas, claro que o Brasil é diverso, e eles gostam de saber disso.
E aos mesmo tempo, a gente leva um mensagem muito universal, que é uma mensagem do ritmo e da melodia, as pessoas não entendem a letra, que é um ponto central, mais através do ritmo e da melodia, você estabelece um ponto de comunicação que sempre rola, que é muito bom. Nós não só fazemos evento de dança, de noite, mais também fazemos teatro, e as pessoas sentam, escutam e sempre funciona muito legal.
Onde saber mais sobre: Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar:
http://www.sombarato.blogspot.com/
nacaocultural@hotmail.com (entrevista cedida ao programa radiofônico Nação Cultural/rádio Juventude pop.)
http://www.myspace.com/sibaeafuloresta
DOWNLOAD DA ENTREVISTA
http://www.mediafire.com/?twbn1wgo2dd
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