sábado, 9 de agosto de 2008

IVAN MARINHO



O Nação Cultural tem o prazer de apresentar uma entrevista com o grande Ivan Marinho,
uma das grandes mentes da arte.
Conheça mais sobre esta grande figura pelo site
www.arte-pos-contemporanea.blogspot.com

1-Quando você se deu conta que era um artista?

Um amigo, Erickson Luna, dizia que não era um artista, que era um homem capaz de arte. Compreendo o ponto de vista daquele amigo-irmão porque posso entender sua intenção em distinguir, dos capazes de criação, o que se denomina artista e faz pose de quem vive fora da esfera da realidade, o supersensível. No entanto, podemos, fora deste parâmetro maniqueísta, localizar, no próprio contexto conceptivo do poeta, o diferencial entre o que é capaz de criação e o que não, abrindo espaço para a denominação artista.
Ainda pequeno, com 5 anos, minha mãe, percebendo minha afeição por trelas criativas, como desenhar, cantar, criar hospital de brinquedos... resolveu, ao invés de me por na alfabetização, me matricular na Escolinha de Arte do Cento de Estudos e Pesquisas Aplicadas. Ali tive contato com o cinema, com a música, com o desenho, com a modelagem, etc. Em menos de um ano havia completado o conteúdo curricular do Centro no que se relaciona às artes plásticas.
Também nessa época, os vizinhos sempre solicitavam desenhos meus, fossem pra decorar as casas, fossem para ilustrar trabalhos de escola.
Já a poesia surgiu dos recitais de meu avô André Teixeira Costa, exclusivos para mim, que ouvia atentamente os versos de sua autoria e de seus poetas preferidos, como Zé da Luz e Augusto dos Anjos, o que me fez, ainda com sete anos de idade, decorar Versos Íntimos. Ensaiei alguns poemas na infância, mas só comecei a intensificar os exercícios na adolescência, quando morei e dividi quarto com meu primo Caio César, um dos maiores violonistas do país. Tentei tocar violão, mas não houve jeito. Então voltei a pintar e a escrever, estimulado pela aprovação social, tão crucial na adolescência, de familiares e amigos.

2- Na UFPE, você foi suspenso por conta dos seus poemas, verdade?

Já próximo ao fim da ditadura militar, quando há vinte anos não havia uma suspensão naquela universidade, fui suspenso por desacato aos “mestres” militaristas do curso de educação física. Por trás de tudo estavam poemas que publicava nos murais da faculdade e que se punham em confronto com a ordem bestial imposta pelos filhotes da ditadura, como diria o Brizola. Era um momento de profusão política e, enquanto o jovem PT se debatia com o PC do B no comando do movimento estudantil, eu pregava a auto-gestão, o fim do fardamento no curso de educação física... Mas nem por isso deixei de subir em palanques e recitar poemas nas ações pelas eleições diretas e pela anistia política.

3-Como foi sua vinda para Recife e para Santo Agostinho?

Vim pro Recife com 15 anos, alguns meses depois do assassinato de meu pai em 1979. Fiquei na casa de uma tia que pouco conhecia. Um ano depois consegui um estágio remunerado e comecei uma longa passagem em repúblicas estudantis. Fui ator e dançarino e fiz várias excursões por teatros do nordeste num grupo chamado Cântico Novo, ligado ao Movimento dos Folcolares.
Depois comecei a fazer artesanato, ingressando tardiamente no que ainda se chamava de movimento rippie. Foram alguns anos de sexo, droga e rock in rool. Então veio, sonda de petróleo, casamento, filhos, Somaterapia, acidente automobilístico, conclusão do curso, separação, volta pra Maceió, concurso para professor no Cabo... e cheguei aqui.

4-Como foi sua experiência como diretor do departamento de cultura do Cabo de Santo Agostinho? Você se arrepende de alguma coisa, você acha que se fosse hoje seria melhor ou deu tudo certo no seu tempo? Como você lê essa passagem da sua vida?

Acredito na administração pública como uma sacerdócio. Como não tenho simpatia pelo puxa-saquismo que costuma aquecer nas vésperas do sufrágio, só sou percebido quando se torna impossível assombrar minha presença. Lá pelo segundo ano do governo municipal, nos idos de 1997, o prefeito, após me observar nas rodas de capoeira, nos recitais de poesia, como o que fiz para recepcionar uma caravana do MST e de visitar uma exposição de pintura, de minha autoria, acompanhado do mestre Ariano Suassuna, não só comprou a obra mais cara para compor o acervo municipal (Um maracatu descendo a ladeira da Matriz que se encontra, ainda hoje, no hall superior do prédio da prefeitura do Cabo), como me convidou para compor a equipe da secretaria de educação, ocupando o cargo de coordenador de cultura, esporte e lazer. Poucos meses depois, confrontado com a inoperância da secretaria de cultura, me convidou a assumir o departamento de cultura.
A partir dali, em pouco mais de dois anos, enfrentando a resistência de uma classe artística ressentida por ter na direção de cultura o que a visão provinciana levava a conceituar de forasteiro, estruturamos mudanças que estenderiam suas marcas até os tempos atuais. Incluímos a cultura popular nos desfiles de 7 de setembro, homenageamos os mestres da cultura popular, ressaltando suas importâncias, criamos o Encontro Pernambucano de Coco, que permanece até hoje, mesmo sendo uma ação particular, criamos o Encontro Celina de Holanda de Poetas Recitadores em homenagem a nossa poeta maior, que aos 84 anos esteve conosco, trouxemos Alberto da Cunha Melo em 1998, que foi homenageado por vários poetas do estado, bem como pelo Cordel do Fogo Encantado, homenageamos o poeta Marcus Accioly e Ariano Suassuna, criamos o primeiro conselho de cultura do interior do estado de Pernambuco, tornando-o deliberativo sobre o orçamento.
Não sei se por coincidência, mas surgia naquela época a Zabumba do Mestre Chimba, o Toadas de Pernambuco, o Maracatu Nação Guerreiro de Oyó, a orquestra de pau e cordas Fantasia da Juventude Lírica, entre outras.
Por tudo isso, acredito que o ofício foi bem cumprido, apesar da gestão posterior, do mesmo prefeito, ter sido negligente com o conselho de cultura, já que sua presidência foi ocupada pelo então gerente de cultura, o Sr. Willams Santana, que não deu continuidade às suas reuniões, ter acabado com o Encontro Celina de Holanda de Poetas Recitadores, ter finado as publicações das cartilhas de cultura popular, a revista O Poeteiro...

5-Fala um pouco do Encontro Celina de Holanda de Poetas Recitadores.

Celina de Holanda era uma poetisa cabense que teve seu trabalho reconhecido a nível nacional, ao ponto de receber o seguinte comentário de Carlos Drummond de Andrade: “Não sei de muitas vozes poéticas femininas que se equiparem à sua, pela limpidez do sentimento reflexivo e pela discrição da palavra”.
Como tinha, e tenho, muita admiração pela poesia do que se denominou de Geração 65, nada como poder homenagear uma representante daquela geração nascida em território cabense. Fizemos o primeiro encontro com o nome Encontro de Poetas Recitadores e tivemos a presença de Cecé, como era carinhosamente chamada. No ano seguinte Celina partiu pra eternidade e nós incorporamos seu nome ao nome do Encontro.
Realizamos quatro versões do Encontro, com as três últimas homenageando, respectivamente, Alberto da Cunha Melo, Marcus Accioly e Ariano Suassuna. Destes momentos nos restaram um curta-metragem que fiz dos três primeiros encontros e registros fotográficos e filmográficos das quatro versões. Acervo que guarda imagens de Celina, Alberto, Erickson Luna, França, Chico Espinhara, Vilma Lessa, Cosmo, para falar de alguns que já não estão fisicamente em nosso meio.

6-Ariano Suassuna.

Um dia, de passagem pela UBE (União Brasileira de Escritores), na companhia de Fernando Filizola, outro amigo-irmão, fui surpreendido com afirmações de que o mestre Ariano, depois do sucesso do filme não recebia mais ninguém e que parecia estar com um rei na barriga. Não acreditei. Insisti com o Fernando que devíamos levar in loco seu convite para o Encontro de Poetas Recitadores. Ao chegarmos à casa do mestre, em Casa Forte, percebemos a presença de equipamentos de luz. Era o pessoal da TV Globo que iria gravar O Canto de Ariano. Gritei do portão e o próprio Ariano veio nos recepcionar, aparentemente um pouco grosso, perguntando “o que é?”. Respondi que gostaria de fazer um convite e ele, prontamente nos mandou entrar, apresentou os técnicos e jornalistas pelo nome, um por um, perguntou se queria suco, nos acomodou em cadeiras diante da sua e pôs-se a conversar, tão entusiasmado quanto o faz em suas aulas espetáculos e o fazia em sala de aula na UFPE, quando ministrava a disciplina de Estética.
Quando chegou Ao Encontro Celina de Holanda de poetas Recitadores, um reporte perguntou ao mestre como ele via tantos jovens reunidos para ouvir poesia, e ele respondeu: “Dizem que cachorro gosta de osso porque só dão osso a cachorro”.
Na chegada de Ariano o poeta Erickson Luna o abraçou e beijou na face. Na saída o poeta disse para Ariano: “Mestre, obrigado por ter me permitido lhe beijar”, ao que Suassuna respondeu: “Você me beijou, mas eu não lhe permiti não!”.
Bom, Ariano Suassuna é uma sucessão de fatos como estes, além de ser um marco de resistência, criatividade e valorização da cultura brasileira.

7-Fala um pouco sobre o Antropófago: Espaço de Cultura Libertário.

O Antropófago foi uma criação de Ivan Maia, construído historicamente por ele, por mim, por Luna, Jorge Lopes, Eunápio Mário, Toninho de Olinda, Isabela, Cláudia Harmes, Miró, Carlos Carlos, Silvio Romero, Marta... e mais uma reca de “marginais” que se encontraram durante dois anos, nas quintas-feiras, para recitar. Digo que para recitar, porque o mais era trivial. Foram anos (se não me engano 1992 e 1993) de experiências recitativas profundas, onde, ao contrário das escolinhas que hoje se configuram, o que prevalecia era o exercício das diferenças. Foi um processo, quase religioso – veja bem! – de encontro com a própria expressão, um “religare” autofágico.
Fora isso, era só curtição.
Durante o último Recitata, conversando com Ivan Maia, surgiu a idéia de registrarmos aqueles momentos em um livro. Vamos ver!

8-Como você vê hoje o ensino no estado de Pernambuco?

Não se pode pensar em ensino com valor sem professor valorizado. Como a “esperança é a Última que corre”(Luna), espero que melhore.

9-Ivan, arte pós-contemporânea.

www.arte-pos-contemporanea.blogspot.com é o endereço de meu blog e uma forma de situar minha criação nas artes plásticas. Como a arte dita contemporânea entende-se como uma arte-processo, uma arte experimental a procura de uma identidade, dada à crise de identificação experimentada pelo que Stuart Hall chama de homem pós-moderno. E como não comungo a idéia de que a arte imita a vida, mas que tem a missão de iluminá-la, ponho-me aqui, do outro lado do mercado, onde, ao contrário dos que empurram fragmentos insignificantes goela a baixo do consumismo vil, esforço-me por juntar esses fragmentos elucidando seus sentidos, dotando-os de significados. Por isso me digo pós-contemporâneo, porque não sou afeito a abismos.

10-Quantos prêmios você recebeu, tanto na poesia quanto na pintura? Qual o mais importante na sua carreira?

Quando tinha uns 18 anos, num salão regional informal no Centro Maríapolis, fiquei com o segundo lugar na classificação, com uma pintura que era o retrato de um amigo, o Alexandre Rátis. Já morando no Cabo de Stº Agostinho, por volta de 1992, participei em Olinda do Festival Nacional de Arte Alternativa – Trópicos Utópicos, quando recebi, em parceria com Silvio Romero, o prêmio de revelação com performance poética,recebemos um troféu confeccionado por Tiago Amorim. Em 2002 recebi uma menção honrosa no Prêmio Bandepe – Valor Pernambucano com um quadro intitulado Círculo do Ciclo, um díptico que alude ao ciclo de tanajura. Em 2007 recebi o primeiro lugar no Festival Nacional Jaci Bezerra de Poesia, prêmio oferecido pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), quando tive a oportunidade de ficar no mesmo hotel que estava o poeta Jaci Bezerra e desfrutar de boas conversas e até de poder entrevistá-lo para o site interpoetica.com.
Todos os prêmios tiveram importância e me impulsionaram a continuar buscando meu traço e minha palavra.

11-Como o bacamarte entrou na sua vida?

Quando dirigi o departamento de cultura do Cabo, uma das ações que empreendi foi incentivar o grupo de bacamarteiros. Conheci um mestre do grupo chamado Zezinho, um deficiente físico, que usava muletas, mas que não perdia a oportunidade de atirar com sua reúna chamada de Teimoso. Esse mestre foi quem me iniciou na brincadeira. Buscávamos 200 Kg. de pólvora na fábrica e os bacamarteiros festejavam todo o ciclo junino.
Depois de ler minuciosamente o Livro Bacamarte, Pólvora e Povo, do ilustre acadêmico pernambucano, Olimpio Bonald Neto, percebi que aquele brinquedo, que ocupara lugar de destaque nas plagas cabenses, já não respirava a pujança de outrora, por isso me incorporei completamente a ele, ao ponto de hoje assumir a presidência da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, de coordenar o Na Pisada do Bacamarte com a FCCR (Fundação de Cultura da Cidade do Recife), de participar do processo de criação da Federação Pernambucana de Bacamartismo,etc. Além disso, consegui aprovar um anti-projeto de pesquisa na UFRGS/FUNDAJ para levantar dados do bacamarte de Pernambuco, sendo estimulado por Olimpio Bonald, que fez esse trabalho em 1966.

12- Os brinquedos populares influenciam na sua criação literária e pictórica?

Desde muito jovem que convivo com as manifestações populares. Com 16 anos comecei a aprender capoeira com o mestre Mulatinho na Associação Marista, no Recife, o mestre tinha dois instrutores notáveis, o Birilo e o Corisco. Fui aluno de Azeitona, Fubá e, quando parei de jogar treinava com o mestre Bem-te-vi no Cabo. Além disso, tive uma relação estreita com o coco de roda por ter criado o Encontro Pernambucano de Coco. Fiquei muito próximo do mestre Goitá, mestre Zezinho Varelo, mestre Dié, e dos que nos visitavam, como Selma, Zé Neguinho, Bio de Aliança, Matinho... Também fui puxador de loa no Maracatu Nação Guerreiros de Oyó. Comecei minhas publicações com cordel e escrevi muitos poemas com base na cantoria nordestina, fiz décimas, galopes, mourões, toadas, etc.
Por tudo isso não poderia ficar imune à influência dos brinquedos em minha criação. Na pintura ela tem mais clareza pela opção temática e pela dedicação no que diz respeito à fundamentação. Precisava desenvolver uma forma que expressasse o espírito das manifestações populares, que fosse além do indumentarismo, e pra isso, pelejei um bocado, até que descobri a roda, uma redescoberta magnífica em pleno século XX. A profusão de representações humanas, postas ali, em movimento giratório, indistintos, amalgamados, unidos dionisiacamente pela festa trouxe para a tela o que procurei por tanto tempo, de forma minimalizada, mas sem cair no reducionismo estério do detalhe descontextualizado.
Já na literatura, além da cantoria e do cordel, pesa sobre meu exercício a construção poética de Carlos Penna Filho, Cecília Meireles, Jaci Bezerra, Alberto da Cunha Melo... onde o metro compõe o poema e, em algumas passagens, até a música.

13- O que o liga à arte?

Tenho uma relação mais afetiva do que intelectual com a arte. Talvez por isso não tenha, a exemplo do engodo contemporâneo, posto o belo na berlinda. Concordo com Mondrian quando afirma que a criação artística é fruto da insatisfação do homem com a realidade, por isso não vejo a arte como meio, mas como fim. Daqui nasce minha dúvida da validade da arte enquanto objeto de transformação social. Vejo-a como uma relação de “solitários”. Por exemplo, não sei quantas vezes o fundo do poço se tornou pico de montanha graças à presença de A Solidão e sua Porta, de Carlos Penna, ou o Revoltado de Théo Silva, poeta cabense do século XIX que continua sem publicação. Portanto, a criação artística é tábua de salvação somente pra quem já não se reflete na realidade. E, para além de salvação, a experiência estética se torna um instrumento de ligação com Deus que, num de meus poemas, digo que não é criador nem criatura, é a própria Criação.

14- E esse embate com a arte contemporânea?

Não é embate. Tenho, inclusive, simpatia pelo esforço de alguns artistas para acrescentar elementos que venham a contribuir para a expressão artística. Só não comungo com o delírio de que tudo é arte, só não comungo com o despropósito de, em quase cem anos de procura, haja quem continue se justificando pelas faltas de referências, quando as próprias faltas de referências já são referências para que se tome um norte, mesmo que se configure como uma idiossincrasia. Não me acomodo à queda-livre enquanto houver a possibilidade de armar o pára-quedas ou mesmo agarrar em algum galho no trajeto. Diante dos abismos é preciso construir caminhos ou, do contrário, não fazer nada.
Concordo a Primo Levi quando declara que “Entre o homem que se faz compreender e aquele que não se faz há um abismo de diferença. O primeiro salva a sua vida”. Se a realidade esta fragmentada, é preciso reunir os fragmentos e apontar uma direção. Não se deve, a vida inteira, caminhar sem rumo. Se não existe o rumo, bem diria Mário Quintana, que se invente.
Para mim, como bem relacionou o Affonso Romano de Sant’Anna no livro Desconstruir Duchamp, o Rei está nu!

15- O que você faz atualmente, além de comandar a Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo?

Coordeno,com a poeta Cida Pedrosa, o Recitata, concurso de poesia oral do Recife, pela FCCR, sou assessor técnico da secretaria de cultura do Cabo de Stº Agostinho, ensino na Escola Estadual Luísa Guerra, faço parte de um coletivo artístico chamado Eu Coletivo, com Jorge Wanderlei, Anastácia, Oneida e Paulo Gaúcho e faço pós-graduação em economia da cultura pela UFRGS na FUNDAJ.

16. Manda um poema do livro Sortilégio Possível, ainda inédito.

A BARCA DA JUVENTUDE

Num barco, sem direção,
Navega a juventude,
Tem a terra em sua mão,
Com toda razão se ilude.

Resiste à correnteza,
Iça as velas contra o mar,
Cada dia uma certeza,
Nenhuma onde ancorar.

O mar impõe a presença,
O norte é pra onde olhar,
Não existe o que é ausência
E o futuro é só mais mar.

Por ser a tripulação,
São todos, não é nenhum,
O porto é seu coração
Por isso é tão comum

Não querer pisar no chão.

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